O filme Metanoia estreia hoje (14/05/15) nos cinemas brasileiros com uma importante missão: espalhar uma mensagem de esperança, principalmente, entre àqueles que direta ou indiretamente sofrem com um dos maiores dramas da contemporaneidade: a epidemia do vício do crack. O drama que serve também como um alerta conta a história de Eduardo (Caíque Oliveira), um usuário da droga que tem a vida devastada pelo vício e as desesperadas investidas de sua mãe Solange (Einat Falbel) para salvá-lo.
Primeiro filme do diretor carioca Miguel Nagle, 31 anos, Metanoia surge em um momento de lançamentos na indústria cinematográfica brasileira recordes de bilheteria com um gênero que sugere um valoroso desafio de tornar vistos personagens invisíveis, atualmente nas ruas, das pequenas e grande cidades, dependentes químicos viciados em crack.
“Estamos há três anos trabalhando neste projeto e sabíamos o quanto é difícil fazer cinema no Brasil, sou estreante, mas esse filme é muito coletivo, pelo caminho fomos encontrando parceiros e muito apoio. A pesquisa para retratar o tema foi intenso porque queríamos mostrar a realidade, queríamos revelar essas pessoas realmente invisíveis para a sociedade. Hoje os vejo com outra perspectiva”, disse Nagle.
O diretor entre outubro de 2012 e abril de 2013 usou a Rua Helvétia, no Centro de São Paulo, como set de filmagem. O bairro Jardim Ângela, na Zona Sul, e a cidade de Ibiúna serviram também como cenário para as gravações do longa-metragem. “O filme é um tapa na cara, mas é uma mensagem de esperança. Eu como artista gosto de trabalhar com o que acredito. Foi um processo difícil, mas muito gratificante”, disse.
Veterano nas produções brasileiras, o ator Thogun Teixeira em Metanoia é o traficante Pequeno. “Esse foi um dos personagens mais difíceis que já fiz. Metanoia é um filme corajoso, a distribuidora é também muito curiosa [referendo-se à Europa Filmes], essa é uma indústria da invisibilidade, se me chamarem vou amarradão fazer as comédias instantâneas, mas estar num filme assim, essa realidade nua e crua é muito corajoso. Temos um filme que é um case da cinematográfica brasileira, finalmente uma quebra de esteriótipos”, comentou.
Também no elenco de Metanoia, a atriz Solange Couto que interpreta Clara mãe de Cadu, um morador da Cracolândia viciado em crack vivido pelo ator Sílvio Guindane, ressaltou a importante de obras que retratem a verdade. “A sociedade precisa saber que qualquer filho pode ir parar ali, a sociedade tem que ver esse filme que é uma chamada para que possam enxergar o que está acontecendo não apenas ao redor, mas às vezes dentro da própria casa”, disse Solange.
Mãe de três filhos na vida real, Solange que gravou sua cena na calçada da estação da Luz, na mesma região comentou sobre sua experiência ao aceitar fazer parte do desafio. “De longe a gente não mensura a dor que significa aquilo. O filme para mil foi absurdamente construtivo profissionalmente e humanamente falando. Aprendi muito quando estive naquele lugar para fazer aquela mãe. Foi doloroso. Mas precisamos de um cinema que joga a real”, completou.
Projeto Metanoia vai além das telonas
Ficção gravada na Cracolândia Metanoia chega aos cinemas brasileiros para espalhar esperança; parte da renda arrecadada com a exibição será destinada à construção de uma clínica de reabilitação
Dirigido por Miguel Nagle, com quem o ator protagonista Caíque Oliveira assina o roteiro, Metanoia é um alerta sobre a epidemia que tem devastado famílias inteiras, mas a importância do longa-metragem vai além das cenas projetadas no telão. Parte da renda arrecadada com a sua exibição será destinada à construção de uma clínica de tratamento para artistas usuários dependentes do crack. Co-produção da Companhia de Artes Nissi e 4U Films, Metanoia conta com a distribuição da Europa Filmes.
“O projeto Metanoia não para após seu lançamento. O objetivo é construirmos uma clínica de tratamento para artistas usuários da droga. Queremos ajudá-los a recuperar a essência dos artistas. Cantamos ‘meus heróis morreram de overdose’, mas até quando teremos que perder pessoas tão preciosas por causa das drogas?”, questiona Caíque Oliveira.
Segundo pesquisa encomendada pelo Ministério da Justiça à Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), publicada em 2014, no Brasil há 370 mil usuários regulares dependentes do crack. Número que corresponde a 0,8% da população das capitais do país e a 35% dos consumidores de drogas ilícitas nessas cidades. Além disso, 14% deste total são crianças e adolescentes, o que equivale a mais de 50 mil usuários. No entanto, alguns estudiosos calculam que esta realidade seja até três vezes maior. Ainda de acordo com o estudo, 78,9% dos usuários da droga desejam se tratar, mas falta acesso à algum tipo de tratamento.
Fonte: fastnewsgospel
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